GEOMONUMENTOS
DE LISBOA








EXTRACTOS DE:
JAZIDA DE BRIOZOÁRIOS DO MIOCÉNICO INFERIOR DE LISBOA
Pólo Sampaio Bruno
Por A.M. Galopim de Carvalho
Edição do Museu Nacional de História Natural
Patrocínio da Câmara Municipal de Lisboa - 2000

I - A JAZIDA E O SEU ESTUDO





Parte recuperada do afloramento da plataforma recifal com briozoários, constituindo o geomonumento virado à Rua Sampaio Bruno.
 

A jazida corresponde a uma bancada lenticular de calcário argiloso muito fossilífero, rica em briozoários, sobreposta a uma camada argilosa explorada, no passado, como barreiro da antiga Cerâmica Lisbonense. Descrita inicialmente por Berkeley-Cotter (1956, publicação póstuma) como "Molasso e argilas de Venus ribeiroi dos Prazeres", e atribuída aos níveis mais baixos do Burdigaliano, foi, mais tarde, atribuída ao Aquitaniano superior, isto é, a um nível estratigráfico ligeiramente mais antigo (24 a 22 milhões de anos).

As concreções calcárias que nela se destacam são restos de briozoários dispostos em capas muito finas e concêntricas que, em vida, representavam colónias que se iam desenvolvendo, sobrepondo-se umas às outras. Tais concreções, uma vez sujeitas à agitação marinha, movimentavam-se por rolamento no fundo, num vaivém de remobilização e redeposição, à semelhança dos calhaus e areias litorais, e daí o carácter de estratificação entrecruzada patente no afloramento. Em termos absolutos, a idade desta jazida oscila entre 21 e 23 milhões de anos, segundo informação oral do Prof. M. Telles Antunes, que em 1959 havia chamado a atenção para a presença de briozoários descobertos nesta formação por Brekeley-Cotter, tendo-nos então facultado excelentes exemplares que mais tarde estudámos juntamente com muitos outros que ali colhemos no início dos anos 60. Tal estudo foi realizado em Paris, no Muséum National d'Histoire Naturelle, entre 1962 e 1964, sob a orientação do Doutor Émile Buge, especialista mundialmente reconhecido neste capítulo da Paleontologia (1).

 
NOTA DO TRIPLOV
(1) Ver a outra página, "Cheilostomata (Bryozoa)", cujas imagens correspondem a exemplares de que fala A.M. Galopim de Carvalho nesta passagem.