Como introdução ao tema a desenvolver em próximos posts, é essencial
apreender o conceito de sistema do contexto da termodinâmica. Neste
capítulo da física, um sistema é, como o definiu o saudoso colega, Prof.
Pinto Peixoto, em 1987, um espaço confinado ou limitado por um invólucro
ou parede, real ou
conceptual, dispondo de
massa, de energia e de um conjunto organizado de elementos ou de
atributos dinamicamente interactivos, inserido num determinado
ambiente a que se dá também o nome de
universo complementar do sistema.
As diferentes partes que eventualmente constituem um sistema constituem
subsistemas e, neste caso, o sistema diz-se
composto. Quando separados por paredes internas, os subsistemas
dizem-se disjuntos. Relativamente à massa e à energia, os sistemas são
classificados como:
- isolados,
se as suas paredes impedirem trocas com o ambiente, dizendo-se
adiabátios e
impermeáveis;
- fechados,
quando permitem transferência de energia, mas não de massa;
- abertos,
quando permitem trocas de energia e de massa com o ambiente. Neste
último caso, as respectivas paredes dizem-se
permeáveis e diatérmicas.
Não é desejável nem fácil tratar separadamente as diversas entidades
ditas esféricas constituintes do planeta que nos deu e assegura a vida.
São muitas e complexas as relações entre elas como subsistemas abertos
de um sistema dinâmico (neste caso, adjectivado de geodinâmico). São
conhecidas as relações da litosfera com o manto, bem explicadas ao nível
da tectónica de placas, e, até, com o núcleo, particularmente
documentadas num determinado tipo de vulcanismo. É meu propósito
explanar (a um nível de pormenor que não ultrapasse as generalidades)
outras relações, nomeadamente as existentes entre as entidades mais
periféricas, como são a litosfera, a atmosfera, a hidrosfera e a
biosfera. Como subsistemas do sistema Terra, abertos e contíguos que
são, estas esferas promovem e permitem, entre si, um sem número de
trocas de energia e de matéria (massa) ao longo das suas vastas e
íntimas (interpenetradas) interfaces ou fronteiras. Tais transferências,
mantidas ao longo de mais de 4000 milhões de milhões de anos da história
do planeta, induziram as evoluções que sofreram. Tais evoluções, em
muitos casos próprias do circuito externo do ciclo petrogenético (ou
geoquímico), estão arquivadas, como veremos, nas rochas sedimentares.
De todos os planetas do Sistema Solar, incluindo os múltiplos satélites
que os acompanham, a Terra é, tanto quanto sabemos, o único que possui
uma atmosfera oxigenada, uma hidrosfera líquida e uma biosfera.
A sua massa e a posição que ocupa relativamente ao Sol
determinaram-lhe a composição e características ambientais que a tornam
única no universo do nosso conhecimento.
Bem longe de nós, Ganimede, um dos satélites de Júpiter e a maior lua do
Sistema Solar, possui uma crosta de água gelada, só possível nas
baixíssimas temperaturas (-1500 a –1800 C)
existentes à sua superfície. Neste contexto, o gelo é o mineral da única
“rocha” ali existente à superfície, também ela gelo, de uma litosfera de
gelo, ou seja, uma hidrosfera gelada, ou criosfera.
(continua)
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