z) Até os tarados sexuais podem ser números transcendentes

 

(= ) Há um rapaz que me telefona regularmente. Não sei quem é nem o seu nome. Submeto-me aos seus questlonários com lmpaciêncla, mas sem desgosto. Julgo até que gosto dele. Pelo menos, dá-me prazer falar com ele ao telefone.

Diz ser tarado sexual, o que nada tem de extravagante. Eu, por exemplo, sou tarada linguística. Diga-se, a propósito, que os marcianos devem ter escrito a nosso respeito nos seus dicionários: «Terráqueo: espécie alienígena que tem a língua como órgão sexual secundário ».

 

(&) Tudo o que afirmamos é científico uma vez que o podemos repetir à saciedade. Essa é a condição do fenómeno científico: a repetibilidade.

 

(7) Que trazes vestido hoje ? 

Olá! Como tens passado?

 

(?) O indú que inventou o zero fez mais pela humanidade que a cópia insofismável de poetas.

 

(7) Além disso, é uma criatura amável e fluente. Escolheu-me o seu desejo por saber quem sou, o que me lisonjeia. Quanto ao resto, só a soma do que visto lhe dá algum contentamento.

Uns jeans, uma camisola, meias, e slips.

De que cor são os slips?

Brancos, com florinhas.

E não tens soutien?

Já te disse que não uso disso, nada tenho a soutenir. E tu, que trazes vestido?

Uns jeans, uma camisola, meias e slips.

E não usas soutien?

Não preciso de segurar nada que possa cair...

 

(1/) Dois mais dois amperes não dão quatro amperes numa distribuição trifásica.

 

( ) Para medirmos o prazer que me dá palpar mulheres no autocarro, precisamos de um padrão.

 

Supõe que o padrão é saber quem somos, e de onde viemos no Universo.

Se o padrão é essa pergunta e a sua resposta, tudo o mais será um conjunto de problemas menores.

Vou apontar o que dizes para o meu livro. 

Mas eu só falei de uma evidência!

As coisas evidentes nem sempre são as que vejo à primeira vista. É preciso dar a volta completa ao Universo para descobrir uma coisa tão simples como essa!

Não quero ser responsável pelos teus fracassos!

É preciso que partilhes o que é meu, tal como eu partilho contigo os teus problemas.

Tu tens é uma grande habilidade para desviar a conversa do que é mais importante para mim!


($) O que encontro na viagem chega a ser mais importante do que aquilo que procuro. Ainda que possa não entender, ou talvez por isso mesmo.

 

(it) Presto culto à Régua e ao Compasso, é certo. Mas ainda não me esqueci de tecer louvores à Linha. 

 

(e) Eco, furiosa: A... i... a...
O... u... a...

Dar-lhe ou não lhe dar o número que me pertence, eis a questão.

Afinal, ela nem sabe para que servem as tábuas de logaritmos!

 

(§) Há os que se preocupam com os números transfinitos e transcendentes.

Há os que se ocupam das leis do Universo. Outros, com o destino da Pátria.

Eu preocupo-me muito com o fim do livro. O tarado sexual preocupa-se com o que trago vestido.

Um dia será talvez seja questão de vida ou morte termos relações trans-sexuais ao telefone.

 

(Pi) Eu julgo que saí da fase mística para passar à idade da razão. De momento vou na frase da ciência.

Quer dizer: lido cada vez mais com a abstracção, donde me torno cada vez mais prática.

 

(G) Dada a relatividade de todas as cousas, o meu poder varia na medida em que varia a informação.

Este «na medida em que» é mensurável em «ohms».

 

(G) O mundo que crio é hiperespacial.

 

(G) Quem és tu, afinal? Quem somos nós? E quem sou eu?

Eu não é eu. Não é um elemento puro, uma luz simples, um corpo negro. Eu não determina o movimento sem atrito. Também não corresponde ao gás perfeito.

O Sujeito não é uma categoria unívoca nem estática. Em absoluto, não é. Será talvez um conjunto com pares de elementos oponíveis. Dinâmico e estático, positivo e negativo, etc.. Eu define-se por uma sucessão tal que 

 

eu1  + eu2 + eu3 ou +eun = Objecto

 

Gal) O nome permanece, o seu peso varia. É a variância que determina o movimento e a energia.

 

k) A espécie não caminha para a perfeição. A evolução não tem um fim.

Adaptamo-rios continuamente às variações do nosso espaço.

 

10. Sobrevivo na medida em que o número de informações que recebo se mantém, aumenta, varia.


n. O espaço que ocupa o Universo não tem mais pontos do que uma recta de um centímetro de comprimento.

Donde a parte é igual ao todo.

Donde até o centímetro é infinito.

D. Dar um fim à minha vida equivale a atribuir-Ihe grandeza assinalável.

Prefiro que seja infinita.

Prefiro não ter nenhuma utilidade prática nem finalidade.

Prefiro ser uma criatura em evolução contínua. 

 

C. Comove-me a gente da alfândega, uma cadela de estimação, chegam a comover-me as andorinhas.

Muito me comove a pátria e o hino nacional. Comove-me muito usar a palavra Portugal.

Nunca, porém, nada me comoveu mais do que saber que sou um pedaço de matéria organizada de tal forma que toma consciência da sua própria efemeridade e magnificência.

Saber que somos portugueses, adaptáveis, conjuntos de moléculas!

Muito me comove saber que gal.. gal... gal...