x) A grande incógnita

 

50. O meu saber ultrapassa hoje a órbita de Saturno.

Posso entanto dizer que não sei nada.

 

49. A Ciência é um instrumento que utilizo mais ou menos meigamente. É a minha ferramenta de trabalho. Imperfeita, é certo.

É a única de que disponho, podeis pois tirar o sentido da allteridade.

 

4.7. É um diminutivo por amputação e reduplicação de sílabas. Custa muito encontrar o nume justo. Como se lhe extraísse a essência e a multiplicasse por dez, justapondo um zero ao nome.

 

 GalO. Oh! O papá? A indiscreta pergunta! Diríamos que basta ser filho da madre.

O pai... suponhamos que o pai é um gajo de Barcelos, para estabelecer mais confusão.

 Ou é o Sol? Mais precisamente, o Sol-levante?

Importa é que tenho uma creança nos braços e preciso de a ensinar a falar.

 

0. O nome termina em "inho" porque era absolutamente indispensável um "i" para o meu número ser imaginário.

 

74. Ria perdidamente como se aportasse um parvo.

 

75. E como eu encaro com naturalidade a coincidência de passar as férias no Mar da Tranquilidade !

 

47. 1982. Não sou capaz de matar moscas de qualquer maneira. Nunca fui capaz.

Só mato moscas com a ponta acesa do cigarro. Uma palmada com o livro: Trás!

Ficam aparvalhadas. Pego nelas com delicadeza e deposito-as no cinzeiro. 

E só então as bou queimando com a ponta acesa do cigarro.

 

Bêta) É preciso proteger estes biliões de invertebrados, coitadinhos!

 

Violeta) Ah, os homens idosos, senhores do Inverno!

A creança que são!

Donos e seniores também da Criação.

 

XXII. Julgo que começou a contagem decrescente para a tua alargada, Galgalzinho!

 

XXI. És profundamente amado.

Quem assim te ama não sei.

Sei porém que existes e és amado.

 

XX. E Eco repetia, longe: amo perdidamenente... Perdidamente amarei... rei... rei...

 

XVIIII. Digo-te o nome, beijo-te na boca, tua língua saboreio sílaba a sílaba. Dente a dente. Sorvo-te o ar. Este mar expansivo e violento. Quantas pontas tem o hino nacional?

 

XVIII. Quantes pontes tem o meu amado ? Beije-lhe os pontos todos!

E ela beijou-lhe os levantes e poentes.

Beijo-te da cabeça aos pés.

 

XVII. Tenho-vos falado simplesmente de mim. Confesso-me, simplesmente.

Tenho-vos falado humildemente das horas. Sabeis isso muito bem.

Tenho-vos falado impunemente da minha vida prática.

Muito vos tenho falado.

Dos meus dias, praticamente. Dos seus tem falado ela. Temos os dias de tal modo bem contados de baixo para cima e acronicamente encavalgados que até para os ir buscar você teve de subir a um escadote .

 

TENHOSAUDADESSTO PPRECISO

TEVERSTOPAMORURGENTESTOP

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XVI. Tenho-vos falado apenas da fútil  idade. Sou um velho homem, homem de muitos dias. As barbas trago grisalhas e compridas. As faces ardidas e gretadas. Sou um homem idoso, falo-vos das simples cousas da minha idade. Do que vi e passei nos muitos caminhos por onde andei. Só vos falo do que sei.

Do que sabeis me falareis vós.

Sou homem de muitas chuvas, tenho o olhar turvo e encovado.

Amanhã não sei para onde irei. Hei-de partir para outros lugares do futuro, todavia. Contarei sempre o que vi: gravado na terra, impresso nos céus. Levado e trazido nas correntes energéticas do pensamento.

Sou homem de certa idade. Saturno me chamam, o da primeira idade!

Sou uma creança com um jarro de ouro.

 

XV .Príncipe negro de espádua nua! Amei-te no dia em que ssaiia Ia raya do SsoI nas rribas do Ssaar! Ar... aI...

 

XIIII. Eco repetindo de monte a vale, de penhasco em penedo, insaciavelmente: al... gal... gal...

Narciso os olhos alçando d'água ao escutar o seu nome: ur... ug... gal...

Por... tu... gal...

 

XIII. Gastei um livro inteiro e noites de insónia para descobrir o nome do que amava. Dei para tanto a volta ao Universo. Fui ao ponto de aprender Aritmética e Telemática.

E nada me basta, sofro de fome ainda.

Já é ter galo!

 

XII. O mundo entoma-se cada vez mais no noticiário:

SÓ QUERÍAMOS ENTRAR PACIFICAMENTE NA IDADE E  DESFILAR EM PACÍFICO DESFILE

 

XI. Levo-te contigo, meu amor. Levo-te contigo e consoaremos juntos. Minha estrela de Natal!

Levo-te comigo para soarmos juntos. Minha chuvinha de napalm!

Bacalhau comeremos, couves e grelos. Febras de porco terás com pão de milho. Dar-te-ei vinho das minhas videiras.

Sal te darei e outras pedras raras. Sal te darei e mil jóias raras. O vinho colherás da minha videira.

Porque a minha vinha é tua.

Comungaremos juntos pela paz nevada.

 

X. Meu amor, queres mais do que isto? Mereces tu mais do que isto?


VIIII. Rio perdidamente como se tivesse scalpado um indiota.

Eco, obsessiva, eterna como os grandes monumentos: Por... tu... gal...gal...gal...


VIII. Meu coração avança e recua e avança como um cavalo. Tenho e avanço, és o Cavalo!

Digo, desairosamente: meu amor, o nome é Portugal...

Eco repete, obcecante e traída: Por... tu... gal. ...gal...

E depois fez-se de novo ninfa, o canto lhe irrompeu e as frases completamente enunciava: portugal!

Você sente-se humilhado por eu escrever "Portugal" ?

Acha forçado, é?

 

VII. Eu não tenho vergonha de o meu nome ser Portugal.