q)  É preciso proteger as alcagoitas, coitadinhas

 

349. Apaixonam-me os marechais moribundos. Assim como estrelas patentes.

Sem dentes, candentes.

Sinto cada vez mais apoplecticamente.

 

350. Apetece-me escrever um fado de amigo.

- Eco distante do mar,

que novas más me trazeis?

-Notícias do teu amado,

conchas e malgas de beijos!
          

 - Eco distante dos montes,

que notas mais me trazeis ? 

- Notas e natas de amor,

lírios, abadas de amêijoas.


351. Não vale a pena continuar; mesmo depois de estragado, o fado ficou uma merda de todo o tamanho.

Lucidez crítica acima de tudo.

 

352. A merda, quando estrategicamente distribuída, reforça a tua reverberação.

Porque tu és e serás sempre o hibisco pernalta, espírito das viragens inadiáveis.

 

353. A vinte mil milhões de graus centígrados arde o meu corpo. À mesma temperatura arde a estrela de Natal.

Que Lua douda! 

Essa espantosa Lua que o Sol há-de ofuscar .

 

354. Sete vezes mais luz  terá o Sol, e a Lua gozará de mais brilho que o Sol.

Astros desenfreados numa colisão estulta. Dez mil sóis não terão o brilho da Lua.

Cinzas. Brancura. Neve infecciosa.

Esqueletos cinquenta vezes mais radioactivos que o normal.

Correm nas minhas veias rádio e alcalóides, um estado de pânico arterial.

 

355. Hiberno dentro em mim durante uns dias do ano. Nos outros estivo, dou pan à terra, penteio os seus cabelos, semeio papelinhos de carnaval nas suas coxas, aro, corto, afago, lacero, furto... amo sem saber a quem...

Eu, tornado azul às portas de areia lenta.

Eu, lenda antiga de um rei Artur que há-de voltar.

 

356. Fui à missa do galo a Lamego.

Podia dizer mais coisas, mas vou já levantar-me da cadeira, quero dormir.


357. E ela, que saiu de casa de seu pai e caminha pela Estrada de Santiago!

Entre estrelas convulsas, espirais frementes, a dor e o lume, entre criaturas revolucionárias... elipses, parábolas , arcos de luz...

Que cão doudamente ladra?

 

358. Não te amofines, foi só impressão!

 

359. A terra entrou por mim adentro, submarino encalhado no areal. Ao longe, a beleza acena em resplendores de espuma e névoas de seda.

Esta nossa aluada princesa portuguesa! Esta douda viagem de circum-navegação!

Este barco na estação do Rossio, este self-service!

O casório na televisão! Para a via e para a morte, País e Nação. Para o bem e para o mal.

Hierogamias  nacionais, ó meu doudo coração !


360. Azul qpaco é a cor dos olhos do meu amor fatal. O meu amor que me sorri de enfado, me olha de soslaio, sem dar conta de mim.

Castanho é a cor dos seus olhos corteses.

Do meu polícromo e distante marquês.

361. Posso desmoronar-me por mim abaixo que pouco me abalará o precipício.

Notável é a estatura da torre a que subi.