Senhor Noute
que ama nos outros
o diverso de si
a luz rápida
@ imponderável
o vestido secreto
sobre marfim
tome a heliogravura
o cdrom impresso
numa cidade de mim


despida a praia
por uma onda fm
inclina os dedos @ gaia
até beber na concha
tantos segredos
gruta ofuscada pela raiz solar
de que rebentam cabelos


rochedo que dormitas
encostado ao poente
com a lua seta
a tocar-te os dentes
línguas salgadas
que de mar saciam
a gruta vazada
do tecto aos joelhos
doce a palavra possuída


cumprida a maré vai longa
sobre penedos
que rondam @ líricas sepultas
na sede lilás
de sob a onda irrompem
na praia do peito
a minha boca agarra
um astro direito


liquefeito o olhar retorna
à baía e ao barco estreito
fundeado @ leveza oscilante
entre pedra e maresia
e a cidade circunvagante
um anel abarca toda
a lágrima @ que aflora
em bátegas de diamante


radiante o barco facetado
na fronte a pedra que geme luz
reflecte @ vaga a duna sitiante
baía capital onde naufraga
a taça do levante
e se relva de cristal


metal fundido
queima o arvoredo
e a ínsua que a maré invade
uníssona a sede
dos braços que estreitam
o planeta regular
a boca fundeia @ na palavra nocturna
cega de luar




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PORTUGAL-NOVEMBRO DE 2002