A DIVINA ESSÊNCIA SEMPRE ILUMINA A ESCURIDÃO - ALEXANDRA B. PORTER

A DIVINA ESSÊNCIA SEMPRE ILUMINA A ESCURIDÃO
Conferência em três partes sobre a morte e o morrer
Mount Ecclesia
Conferência em inglês para a Escola de Verão efetuada
nos dias 01, 06 e 08 de Agosto de 2002.
Tradução de Ruth Coelho Monteiro


Bom dia, pessoal! Se todos estão à vontade, eu gostaria de começar esta conferência com uma breve oração:

Pai-Mãe Deus, Deus do Universo, e Deus de nossos corações. Nosso pai que estás no céu, reunimo-nos hoje aqui para discutir o tópico Morte e Morrer, e para tanto contamos seguramente com a Tua Presença. Também te pedimos, em nome de Jesus Cristo, que nos concedas a todos e a cada um de nós o conhecimento, o entendimento, e o esclarecimento que cada um está procurando. E, como conferencista, possa eu afastar da minha imaginação e do meu julgamento a consciência de raça, e fale só daquilo que é um bem maior para todos os presentes, e que isto seja revelado a cada um de nós neste dia. Agradeço a Deus por todas as suas bênçãos e pela oportunidade de participar deste serviço amoroso. Com gratidão e muita fé – Amém.

O título desta conferência versa sobre a morte e o morrer. Este tópico será discutido em três partes: Na primeira parte aprenderemos sobre a Morte Física. A parte 2 tratará do Nascimento Espiritual, e dos planos diferentes do pós-vida. A parte 3 trata de "Como Viver Aqui, Agora e Além com Cristo" que é o tema desta Escola de Verão em Inglês.

PARTE 1 - INTRODUÇÃO À MORTE FÍSICA


A razão que me levou a escolher este tópico é que fui aquinhoada com uma riqueza de informações que agora desejo compartilhar com todos vocês. Há ocasiões em nossas vidas em que Deus percebe que aquilo que estamos perto de experimentar é mais do que aquilo que podemos suportar, e aí Ele nos estende a mão. Durante esses momentos de tristeza profunda a Divina Essência d' Ele Ilumina sempre a Escuridão porque Ele derrama luz em nossas vidas dando-nos lucidez e entendimento. Para muitos de nós, morte ou falecimento de um ser amado podem resultar em um desses momentos esclarecedores. Uma das razões mais óbvias para isso é que ao longo de nossas vidas somos grandemente afetados pelo “desconhecido”. Em pessoas que não estudaram filosofia semelhante à nossa, e que freqüentemente são muito religiosas, sempre há um medo relativo à morte e ao morrer real. Para a maioria das pessoas, o desconhecido sempre causa medo, e assim torna-se compreensível que, para essa maioria, tais perguntas estranhas relacionadas à morte física podem causar medo.

Vejamos pelo levantar das mãos, quantos de vocês já presenciaram a morte de alguém?

E que pergunta, ou perguntas, vocês formularam em suas mentes relativas à essa morte?

No meu tipo de trabalho, como uma profissional de saúde, descobri que as pessoas tendem a fazer-me as mesmas perguntas relativas à morte. As seis perguntas mais comuns que abordam o fato da morte física e as revestem de incerteza e medo são as seguintes:

    1. O indivíduo sofre?
    2. Para onde vai a pessoa quando morre?
    3. O indivíduo recebe a recompensa prometida?
    4. O indivíduo ainda seria capaz de guiar crianças pelo caminho certo?
    5. São rompidos todos os contatos com os seres amados?
    6. E, afinal, como é a morte?

Para os que estão presentes hoje, e que pensam do mesmo modo, espero que até o fim desta conferência em três partes possamos responder algumas destas perguntas. Portanto comecemos:

Todo indivíduo que, por suposto, é tido como normal e inteligente em nossa sociedade, tem um conceito próprio daquilo que é morte e morrer. Talvez nenhum assunto seja mais rodeado de superstições e conceitos errôneos do que a morte, em geral. Se há uma coisa que este mundo deve saber, não sabe, e quer saber, é o processo em que e pelo qual um habitante deste plano de consciência deixa o corpo físico para se tornar um habitante do próximo plano, ou plano etérico. Digo isto porque, em sua maior parte, a raça humana não se desenvolveu suficientemente para entender o que é a vida, ou a fonte de onde veio este átomo que se desenvolve por si mesmo.

Quantos de vocês já leram o “Conceito Rosacruz do Cosmo” de Max Heindel?

Bom! Um número regular me diz que eu posso saltar algumas partes e, ainda assim, ser capaz de me seguir facilmente!

Bem, de acordo com este livro, do ponto de vista Rosacruz a morte nada mais é que a passagem do Espírito para uma esfera maior, ou um nascimento, nessa esfera, se preferem. Ao terminar esta vida o Ego deve assimilar aquilo que experimentou, e para extrair o melhor de suas experiências ele inicia o processo da morte física. Portanto, morte - como definido por Max Heindel - é a saída do Espírito -Alma individual (ou corpo etérico) da carne que ele interpenetrava. O Espírito-Alma efetua esta transferência durante os primeiros três e meio dias após as mortes física e clínica. E a morte não se completa antes de terminado este processo.

Creio que esta definição é simplista por natureza. Todavia, sei também que é totalmente impossível para um ser humano entender a mudança em que ocorre a morte, a menos que conceba que todo indivíduo possui um Espírito-Alma, forma composta de átomos etéricos que é simplesmente tanto matéria quanto o é a vestimenta cárnea visível e tangível. Assim, pois, discutamos aqui alguns pontos relacionados.

Cientistas versados em Física me asseguram que toda vida desce para o átomo e, além disso, que tem corpo etérico. Sabemos, por exemplo, que cada átomo de cada grão de areia que forma a praia oceânica; que cada semente e planta, e árvore, e cada molécula de terra que cobre a pedra estéril que forma o bloco de rocha; e que cada gota d’água que flui nas cascatas, têm um corpo etérico. Acreditamos ainda que a luz, a eletricidade e todas as modalidades de radiação são conduzidas pelo éter.

Os cientistas também nos dizem que o éter requer para o crescimento um envoltório de matéria com vibração inferior à dele próprio, o mesmo que se dá com a semente plantada na terra, pois é nessa roupagem externa que ela cresce e alcança o máximo desenvolvimento. Portanto, baseados nessas descobertas científicas, sabemos agora que nenhuma vida pode existir no mundo físico se não tiver roupagem apropriada a esse propósito.

Quando, pelo calor sentido do fogo, nossa roupagem externa é destruída; quando o corpo físico não mais retém a energia, ou vitalidade, o corpo etérico separa-se dele. Em outras palavras, a energia ou corpo vital se escapa e passa para algum outro estado. Por outro lado, a roupagem externa, seus resíduos ou cinza, retornam à sua origem para serem finalmente aproveitados por outra forma de vida e isso até que, com o tempo, tenham sido tão refinados que possam dar continuidade ao processo por haverem se tornado etéricos. Portanto, a verdade é que, quando qualquer forma de vida separa seu corpo etérico de sua vestimenta externa, esse corpo vital não pode mais permanecer como habitante deste plano físico, e então ocorre o que chamamos de morte física.

Da mesma maneira, o homem é parte de um espantoso conjunto, evoluído desde o éter de vida na massa. Segue-se daí que sobre a morte física nosso Espírito-Alma, libertado desta roupagem externa - nosso corpo denso -, torna-se habitante de um plano onde tudo é etérico. Em outras palavras, na mudança a que chamamos morte o indivíduo é refinado ao ponto de possuir individualidade. Permitam-me recordar-lhes nesta altura que, para os sentidos etéricos, inclusive o tato, todas as coisas são tangíveis, reais e naturais como o são na vida terrena... Portanto, tendo isso em mente, prossigamos com o nosso “Espírito-Alma”.

Inclui-se em minha experiência, na minha vocação pessoal e profissional, que as pessoas se dão conta da própria morte iminente em fases, e esta consciência nos leva a morrer conscientes. Morrer consciente é um processo mental ativo de consciência e preparação para a própria morte física da pessoa. A palavra " morrendo " é usada para insinuar o dinâmico e individualizar o processo da transição física atual. No caso de uma doença terminal, morrer é um processo que freqüentemente acontece com o passar do tempo e o paciente, embora no processo real de morrer, ainda está vivo. As metas de se dar conta da morte iminente, ou morrer consciente, é viver completamente até que a morte venha e dirija ou participe do processo de morte até a pessoa ficar à vontade para aceitar a ministração de outrem.

Um excelente exemplo deste fato é encontrado nas “Memórias de Monte Ecclesia”, sobre Max Heindel e a Fraternidade Rosacruz, que foram escritas por Augusta Foss Heindel. Vou ler desde a parte II desse livro, uma seção intitulada "A Transição de Max Heindel".

E a Sra. Heindel escreve: "A pergunta foi feita por amigos: ' Seria possível que Max Heindel estivesse ciente de sua morte tão próxima? ' Durante várias semanas antes dessa ocasião calculávamos a Ephemeris de 1920, e até aí havíamos dividido o trabalho: ele calculava as longitudes e a escritora calculava as declinações. Mas em certo momento Max Heindel pediu à autora que calculasse sozinha a Ephemeris inteira. Uma noite ela lhe fez a pergunta, ' Querido, por que você quer que eu faça este trabalho sozinha? Você pensa em me deixar? ' Ele respondeu, ' Não, querida; Eu só queria poder dizer a todas as pessoas que você fez toda a Ephemeris sozinha. Eu quero que eles se orgulhem de você. ' Esta solicitação e os cuidadosos preparativos continuaram por várias semanas antes que ele fosse chamado e todos os seus papeis fossem cuidadosamente relacionados e arquivados.

Dois meses antes de morrer ele foi a San Diego para encontrar-se com seu advogado e falar-lhe sobre alguns documentos. Enquanto lá, e sem mencionar que desejava fazer aquilo, ele conseguiu todos os Direitos Autorais, bem como a prataria que estava em seu nome, trasferidas por escritura de doação para a escritora (sua esposa). Isso foi, anos mais tarde, a salvação de Mount Ecclesia e da obra da Fraternidade Rosacruz. Quando seu testamento foi aberto, descobriu-se que o terreno havia sido comprado por ele antes da Fraternidade ser incorporada. Na Escritura ele havia declarado que mantinha aquele terreno como garantia para a Fraternidade, só que quando a escritura foi discutida e o testamento legitimado o juiz declarou que, como à época da emissão da escritura não houvesse ainda nenhuma Associação (ou pessoa jurídica) o terreno da Fraternidade passaria para a senhora Heindel como herdeira. O Testamento foi legitimado em 1919, e em 1920 a senhora Heindel transferiu por Escritura essas terras para a Fraternidade Rosacruz. Desse modo, hoje a Fraternidade é a proprietária legal de todos os cinqüenta acres que constituem a sede mundial (Mount Ecclesia)”

Isto me leva à última das seis perguntas mais comuns que as pessoas fazem, e relativas à morte, qual seja: “Afinal, como é a morte?” para responder a essa pergunta, permitam-me começar por dizer que no reino físico os sinais e sintomas da aproximação física da morte são os seguintes:

1) Os braços e pernas podem ficar frios ao toque, e o lado debaixo do corpo pode ficar mais escuro. Esses sintomas resultam da diminuição da circulação sanguínea. Para determinar se quanto tempo decorreu desde a ocorrência da morte:

A – a perna se divide em três partes, do tornozelo ao joelho.

B – começando com a rótula como uma quarta parte, o membro referente à coxa divide-se em seis partes, ou em dez ao todo para o membro inteiro.

C – se a primeira secção estiver mais fria do que a segunda pode-se admitir que o corpo foi morto há uma hora atrás.

D – se a segunda secção estiver mais fria do que a terceira o corpo terá sido morto há duas horas atrás, e assim por diante.

E – experiências levadas a efeito em temperaturas entre 40º graus e 80º graus F provaram apropriadamente serem corretas em mais de 100 exames.

2) A pessoa poderá despender muito tempo dormindo durante o dia, de maneira que ás vezes pode ser difícil levantar-se. Isso resulta da lentidão do metabolismo corporal.

3) A pessoa pode perder o controle da bexiga e dos intestinos, resultando isso em incontinência. Isto significa o vazamento involuntário e contínuo de urina e matéria fecal.

4) A pessoa pode ter diminuída sua necessidade de alimento e bebida.

5) Secreções bucais podem tornar-se mais abundantes e se acumularem no fundo da garganta, produzindo aquilo a que comumente se referem os profissionais da medicina como o “Estertor da Morte”. Isto resulta da diminuição do muco engolido e da incapacidade da pessoa de escarrar a saliva normal.

6) A visão e audição da pessoa pode diminuir um pouco, sendo geralmente a audição o último sentido a ser perdido.

7) A pessoa pode tornar-se inquieta, arrancando as roupas da cama e tendo visões de pessoas ou coisas. Isto resulta da diminuição de oxigênio no cérebro assim como da diminuição do metabolismo. Max Heindel, em seus escritos, explica coisas como esta que passo a citar:

“Portanto... era mencionado freqüentemente por atendentes que assistiram a morte de uma mãe cujos filhos haviam falecido alguns anos antes, que no momento de morrer ela teria visto esses filhos rodeando seu leito, e então exclamava: ‘O que! É Johnny! Como cresceu, que rapagão veio a ser! E assim por diante’. As pessoas em volta do leito provavelmente pensaram tratar-se de uma alucinação, mas não era, e é de notar-se que um certo fenômeno sempre acompanha essas visões, ou seja, quando uma pessoa morre então chega a escuridão, e ela sente essa escuridão descer sobre si. Muitas pessoas morrem sem ver novamente o Mundo Físico, o que significa a mudança de vibrações da nossa luz para as vibrações do mundo do desejo, e é semelhante à escuridão que se espalhou sobre a terra no momento da crucificação. Com outros acontece que a escuridão se levanta após um momento, e então a pessoa fica clarividente vendo tanto o mundo físico quanto o mundo do desejo, e aí, naturalmente, aparecem os seres amados que são atraídos pela morte iminente, que é um nascimento no mundo deles”.

8) O padrão respiratório do indivíduo pode mudar durante o sono para um tipo irregular de respiração arrítmica . Neste tipo a princípio a respiração é lenta e superficial, aí ela aumenta em rapidez e profundidade até alcançar o máximo, então diminui gradativamente até chegar a períodos de 10 a 30 segundos sem respirar (apnea). Este padrão respiratório é chamado respiração Cheyne Stokes. Embora ocorra em certas doenças agudas do sistema nervoso central, coração, pulmões e em intoxicações, freqüentemente ela ocorre antes da morte.

9) A morte física é descrita como a cessação dos processos fisiológicos que sustentam a vida: uma “passagem” ou “partida”; um “deixa que se vá desta”; ou “perda da vida”. Também tem sido definida como “um momento no tempo”, porque normalmente ela se acaba num piscar de olhos. Os sinais da morte clínica incluem:

A - nenhum sinal evidente ou disfarçado de respiração.

B - nenhuma batida do coração. No estado da Califórnia dois simples eletrocardiogramas efetuados dentro do período de 24 horas é considerado um sinal definitivo de morte;

C – nenhuma reação do indivíduo a sacudidelas ou gritos;

D – perda de controle da bexiga e dos intestinos;

E – cílios levemente abertos com olhos fixos em algum ponto;

F – mandíbulas relaxadas e boca levemente aberta.

Até aqui falei da morte física. Se vocês recordam, eu expliquei que a morte geralmente ocorre de modo gradual. Contudo, a consciência é centralizada por um pouco nas dimensões superiores antes de ocorrer a transição real. Uma vez que a consciência não está no cérebro, não há sofrimento. Se aquele que parte não está sob efeito de sedativos, é bem possível que no momento da transição real a consciência possa retornar momentaneamente e o Espírito-Alma que parte, ainda que esteja parcialmente separado do corpo, pode dar uma descrição das cenas e das pessoas que está vendo. Ou pode subitamente tornar-se consciente do que está acontecendo e dar um último adeus àqueles que estão ao seu lado.

Quando a morte é iminente, é muito importante dar um adeus à pessoa que está morrendo. Quando um convidado vai embora nós o acompanhamos até a porta e lhe dizemos: “Boa viajem” –assim lhe damos o nosso adeus até ao próximo encontro. É bom saber fazer isto aos que estão partindo da vida terrena. Nessa ocasião, ou imediatamente após a morte, uma oração deve ser feita, se possível, entregando os corpos aos quatros poderosos Arcanjos do reino natural: Rafael, Miguel, Gabriel e Uriel. O ritual, tão simples quanto parece ser, envolve a forma mortal ou o moribundo, com a própria força num campo de desintegração. Quando esses poderosos arcanjos são invocados, tal cerimônia imediatamente circunda a forma com luz. Minha preferência pessoal é o “Pai Nosso” porque ele tende a produzir profunda paz.

O que realmente acontece na morte, e no reino espiritual, é que a força do átomo-semente do indivíduo deixa o corpo, e todas as suas impressões são transferidas do corpo vital para o corpo de desejos, as quais formam então as bases da vida do homem ou da mulher no Purgatório e no Primeiro Céu. A lenta transferência dos átomos, a qual chamamos de “gravação dos átomos-semente”, é o processo normal da morte. Com a completa transferência, chega o momento marcado para a transição real. O tempo requerido para essa separação depende consideravelmente da potência eletromagnética armazenada no campo de força etérico. Quando essas forças eletromagnéticas se esgotam e os três átomos-semente se separam completamente, o corpo vital liberta do seu jugo o cordão prateado. Aí, quando o cordão se parte, o Espírito-Alma fica completamente livre.

Por conseguinte, e em relação às seis perguntas mais comuns que me fazem com freqüência sobre a morte, desta vez eu é que gostaria de formular a pergunta: “O indivíduo sofre?”. Quero encerrar a primeira parte desta conferência sobre morte e morrer dizendo que toda mudança na natureza é bela e que a morte não é uma exceção à regra. A mudança chamada morte é simplesmente a libertação da nossa forma Espírito-Alma do corpo físico que compõe a vestimenta cárnea externa, e essa libertação é perfeitamente natural e indolor.

PARTE 2 – O NASCIMENTO ESPIRITUAL


Se vocês recordam, comecei a primeira parte desta conferência declarando que eu havia sido agraciada com um tesouro de conhecimentos, e que desejava compartilhá-lo com vocês todos. Agora vou fazê-lo, mas primeiro deixem-me dizer-lhes quando e como eu recebi tais informações, assim como suas relações com o tópico morte e morrer.

No ano 2001, no meu aniversário – 11 de setembro – os Estados Unidos foram atacados com indescritível horror. Quando cheguei em casa vinda do trabalho naquela noite, minha reação imediata foi entrar no meu espaço particular em meu lar, onde oro, e então comecei a orar ali por seis membros de minha família que eu tinha a certeza de haverem sido mortos, e dez outros que viviam e trabalhavam nas vizinhanças do local do trágico e brutal ataque terrorista aos Estados Unidos. Naquele espaço pessoal e dentro do meu quarto particular, pedi em silêncio para que fosse derramada luz em nossas vidas. Eu queria saber das condições, do esquema, das coisas. E então, quando focalizei meu olhar no emblema da Rosacruz, numa fração de segundo vi o corpo de Jesus Cristo dirigindo um coro de anjos. Ali, postados no fundo do entulho, próximos, e circundando as torres gêmeas na cidade de New York, estavam trinta e dois anjos e Jesus Cristo. Notei de imediato que um cordão trançado de fios dourados emanava do coração de Jesus-Cristo. De minha vantajosa posição pude ver que, de três em três metros, ele perfurava o coração de um dos anjos, atravessando-o e criando assim uma corrente angelical que se estendia ao longo de muitos quilômetros de cordão de ouro trançado.

Quando todas as Almas Celestiais foram erguidas do chão, Jesus-Cristo começou a andar para frente, e todos também o seguiram em fila única. Dentro de segundos, literalmente, milhares de Almas Celestiais tinham alcançado os céus. Então, quando o cordão trançado de fios dourados chegou ao fim e eu via doze dos membros de minha família entrarem no Plano Celestial, senti uma como que punhalada – um punhal muito agudo dentro do meu próprio coração. Minha recordação daquele momento é assombrosa, e me pergunto a mim mesma se estive presa ao cordão trançado de fios dourados o tempo todo. Hoje, passado já quase onze meses, e a qualquer hora, ainda posso sentir a tremenda dor que senti no meu coração naquele particular instante.

Muitas palavras eram ditas e muitas coisas aconteciam que eu não posso descrever claramente. Talvez deliberadamente eu bloqueava minha visão espiritual só para não ver os milhares de corpos mortos. Ou talvez fosse também por isso que eu deliberadamente bloqueava minha audição espiritual só para não ouvir os lamentos e mágoas de milhares de corpos mortos? Lembro-me apenas do tremor de minha própria voz, que clamava claramente por Jesus-Cristo. Durante aquele momento, eu não via nem ouvia nada, mas sentia a escuridão e algo que parecia ser um momento extremamente longo de profundos sofrimentos. Então, com minhas palavras e com a minha própria voz, eu “me” ouvi dizer: “Onde está a Vossa divina essência?” naquele momento uma luz clara começou a brilhar sobre mim e eu vi a face de Jesus. Com sua imagem veio a resposta à minha pergunta. Ele disse clara e distintamente: “Ilumine-se a escuridão”. Olhando então à minha volta, a última coisa que recordo foi ter visto e ouvido o colapso das Torres Gêmeas da cidade de New York. Isto eu vi de longe até me tornar consciente de que já havia entrado em outro ponto no espaço e no tempo.

Quando me tornei totalmente consciente do meu novo ambiente, percebi que estava ligada ao cordão trançado de fios dourados (ou corrente dourada) e que os anjos iam depositando, ou deixando, grupos de Espíritos-Alma em certos reinos de vida a que se referiam como “esferas”. O grupo de anjos parecia estar nos conduzindo para diferentes estados de matéria. O objetivo deles era claramente duplo. Primeiro, eles queriam introduzir os Espíritos-Alma em seus novos corpos ou corpos originais. Em segundo lugar, os anjos queriam levá-los para um novo espaço no qual pudessem despender momentos focalizando o aperfeiçoamento deles próprios ainda mais.

Com apenas uma exceção, cada vez que parávamos numa esfera específica um grupo de Espíritos-Alma e vários anjos eram deixados para trás. Antes de prosseguirem, a esfera e sua razão de ser eram identificadas. Como os anjos diziam, eu tinha a sensação de que eles estavam cientes de minha presença. Falavam como se eu fosse aluna deles. Seu comportamento me lembrava “I CORÍNTIOS 15:31”, em que Paulo disse: “Morro diariamente”, significando que ele estava apto para sair da forma física a qualquer hora, deixando-a no estado de “sono” ou “movimentação suspensa” enquanto viajava em plena consciência nos planos superiores. A percepção disso fez de mim uma melhor estudante de modo que, conscientemente, passei a prestar atenção aos mínimos detalhes.

Como alguns de vocês já podem estar sabendo, existem conhecidas muitas camadas de esforço ou planos de expressão. Estes incluem o Astral Inferior, o Astral, e do primeiro ao quarto plano, os verdadeiros planos do Espírito.

Existem sete planos astrais, sendo que cada um varia em densidade. Cada plano é habitado pelos Espíritos-Alma e, dependendo das vibrações dos seus corpos astrais, cada plano é mais refinado na medida em que se escala os degraus do progresso. Por sua vez cada um desses planos tem divisões chamadas zonas do tempo, ou esferas, que abrigam os Espíritos-Alma pertencentes àquele período de tempo.

Relativamente à constituição social das “esferas”, crescimento mais intenso e aumento de atividade são as seis mais distinguidas como esferas espirituais. Cada uma é divida em seis círculos, ou sociedades, em que Espíritos afins, idênticos, são reunidos para subsistirem juntos sob a lei de afinidade. Aqui a Lei de Atração atua assim como uma relação familiar continua, onde cada membro Espírito-Alma busca iluminação na mesma Lei Cósmica. A Lei da Natureza, que é a suprema força, chamada de Lei Universal, tem que ser obedecida para que cada esfera possa ser alcançada. Todo indivíduo permanece no plano para o qual se adaptou até que sujeite a sua vontade à Lei Universal. Á medida que progride ele aprende novas leis mas estas são fundamentalmente as mesmas, apenas ficam mais intensas e vitais até que o Espírito-Alma se torne uma parte da lei em si mesmo.

Para mim as esferas assemelhavam-se a zonas concêntricas, ou círculos de matéria extremamente sutil abarcando a terra como faixas ou cinturões. Cada esfera tinha uma separação diferente das outras, e parecia serem reguladas por Leis Cósmicas fixas. Elas eram entidades absolutas, não projeções mentais sem forma, e eram tão tangíveis quanto os planetas do Sistema Solar ou o plano terreno sobre o qual habitamos. Tinham latitude, longitude e atmosfera de ar peculiarmente vitalizado. As correntes eram revigorantes, agradáveis, suaves e ondulantes. A superfície da zona tinha uma grande variedade de paisagens, algumas das quais eram as mais pitorescas. Disseram-me que cada giro das esferas sobre um mesmo eixo forma o mesmo ângulo da eclíptica; que cada esfera move-se com a Terra ao redor do Sol, ainda que não dependam desse Sol nem para luz nem para calor; que elas não recebem nenhum raio perceptível desta fonte: suas emanações de luz parecem vir de um sol etérico, que é concêntrico ao Sol da Terra; finalmente, que não há divisão de tempo em dias, semanas, meses e anos, nem mudanças de estações.

É difícil entender-se onde estão essas esferas, mas existem muitas coisas com total dificuldade à compreensão. Instrumentos astronômicos mostram que há noventa e três milhões de milhas entre a Terra e o Sol, mas isso realmente não diz nada à mente, porque ninguém pode compreender tal distância. Sabemos que a velocidade da luz é a de cento e oitenta e seis mil milhas por segundo (186.000 milhas/segundos), mas o que significa essa velocidade se não podemos entendê-la, pois não há nada tangível com a qual se possa compará-la?

Nosso atual conhecimento da eletricidade, do magnetismo, ou mesmo da gravidade é limitado, assim como o de todas as Leis da Natureza. Então, é de estranhar-se que alguém encontre dificuldades em apreciar o espaço e como é ele povoado? Este meu pensamento é livre, podendo agora mesmo viajar através do espaço, mas irá de olhos fechados, sem ouvir nenhum som, nem sentir qualquer toque. Contudo, ao morrer-se cada sentido é despertado, de maneira que toda vida que ocupa o espaço torna-se perceptível aos sentidos espirituais e tangível aos tato e cérebro espirituais. Posso então deduzir de tudo isso que o espaço deve conter forma, substância, e realidade no mundo do pensamento.

O que se segue é uma pequena porção do tesouro de informações com que me presentearam durante o tempo em que tive o privilégio de desfrutar a companhia de muitos e da presença de Jesus-Cristo.

Geralmente a primeira esfera é onde deve ser feita a restituição. Nesta esfera inferior vê-se muito sofrimento entre aqueles que ainda se encontram apegados à Terra. Uma vez que se ocupam em corrigir os erros do passado, de modo geral, a maioria dos Espíritos-Alma aqui são “inquietos de consciência” (consciência pesada). Isto se deve em parte ao fato de que, na transferência, nosso Espírito-Alma não perde nada de sua inteligência, tampouco qualquer coisa é acrescentada ao seu entendimento. Assim, por exemplo, o doente mental sai da vida terreal ainda mentalmente doente. O Espírito-Alma que tenha saído insano da vida terrena receberá cuidados na primeira esfera. Dar-lhe-ão tratamento apropriado, de tal modo que sua mentalidade seja restaurada ao normal. Participações em acontecimentos como guerras ou ataques terroristas são exemplos de para quem precisamos fazer restituição. Ademais, qualquer inimizade, morte e destruição que causemos ao inimigo afeta a natureza grosseira do nosso eu inferior, e devemos sofrer as conseqüências desse comportamento. Por último, para o ignorante e o depravado, o átomo do bem que neles tem encontrado expressão é expandido e orientado.

A segunda Esfera é a do ensino. É um período de estudo durante o qual o Espírito-Alma absorve conhecimento de si mesmo e da Lei Natural. A Lei de atração atua aqui, onde numerosos homens pensadores procuram descobrir as forças ocultas da natureza. Aqui nosso Espírito-Alma se instala para uma vida ampla e melhor. Aqui eles devem se livrar do fardo de qualquer malfeito. O objetivo é dispersar a escuridão de qualquer pecado cometido enquanto se achavam no corpo físico, bem como toda dívida contraída com o gênero humano. Eles trabalham com olhos claros e visão limpa, e ao terminar estão em paz com todos.

Nesta esfera mostram-se às crianças como viver ideais espirituais. Muitas estão ali por efeito de guerras. As crianças que morrem com seus pais durante as guerras entram num período de transição, quando então se reúnem na esfera mais apropriada ao progresso de seus familiares. Ali também se encontram outras crianças, aquelas que não foram amadas na Terra e que agora experimentam o amor materno. No plano físico chamamos a essas crianças de “fracasso a vencer”. Quando uma criança morre antes dos seus pais, ela é conduzida a um processo de reeducação. Neste processo lhe é permitido voltar com um guardião ao plano terreno para observar o progresso de seus pais, para que, no tempo certo, a família seja reunida.

A Terceira Esfera é onde nosso Espírito-Alma começa a ensinar aos que estão nas esferas inferiores. Aqui aqueles Espíritos-Alma que foram engenheiros são capazes de magnetizar nossos aposentos no plano físico. No processo podemos ouvir as freqüências de suas vibrações como vozes. Este não é um processo automático: deve-se pedir-lhes isso em oração. Também encontramos aqui mulheres que, quando na Terra, nunca casaram, ou se casaram e nunca tiveram filhos por uma ou outra razão. Essas mulheres podem ser encarregadas de cuidar de crianças ou ensinar outras mulheres o tema maternidade. Talvez elas pudessem ter sido grandes mães neste plano terreal, mas como as oportunidades lhe escaparam, seus desejos seguem-nas para outra vida.

Na Quarta Esfera nosso Espírito-Alma se dedica a provas e tentações. Os Espíritos-Alma que habitam nesta Esfera são capazes de perceber nossos pensamentos amorosos. Mas embora não nos seja possível vê-los, eles nos visitam, deixando-nos às vezes suas marcas.

Na Quinta Esfera nosso Espírito-Alma começa a trabalhar com a Verdade Espiritual. É aqui que o erro e a falsidade são conhecidos. O indivíduo virá a esta Esfera se falhou no momento crucial e assim anulou o bem que poderia ter feito. Somos guardiões do saber. Através de nossas investigações, aprendemos muitas coisas. Se em razão de nossa posição pudemos ter feito muito bem mas deixamos de fazê-lo, isso representou uma pedra de tropeço, e para que possamos progredir devemos nos tornar fortes em quaisquer áreas em que fomos fracos. É interessante notar que não há possibilidade de progresso após a morte para aquele que ocupou a posição de líder espiritual na terra, até que tenha procurado no seu plano todos aqueles que seguiram os seus ensinamentos e então os conduz à verdade. Além disso, ele deve se deter e esperar até que cheguem aqueles que ainda estão vivendo na terra para que seus erros sejam corrigidos o mais cedo possível. Propalar ensinos desconhecidos ou impraticáveis enquanto no plano terreno é algo muito grave. Isso viola uma lei cósmica e cria portanto uma dívida cármica para com a humanidade.

Quando alcançámos a Sexta Esfera, notei que os Espíritos-Alma já estavam trabalhando em harmonia. Do nosso grupo, nenhum dos Espíritos ou qualquer anjo fora deixado nessa esfera, nem qualquer explicação fora dada. Concluo daí que talvez eu não tivesse a necessária experiência para compreender as razões da existência da Sexta Esfera. Talvez seja possível que essa Sexta Esfera fosse aquela em cujas leis cósmicas estou atualmente tentando me aperfeiçoar nesta vida.

Finalmente na Sétima Esfera é onde o Espírito-Alma alcança o plano de exaltação e se torna UM com o Grande Espírito que rege o Universo. Aqui é para onde um iluminado Mestre deve ir para viver em uma condição de perfeita iluminação interna e felicidade. Nesta Esfera a palavra “iluminação” significa completo entendimento de todas as coisas sem modificações mentais. É mais fácil para os Espíritos-Alma na Sétima Esfera – que já avançaram para uma vida superior, mais pura – nos alcançar do que para aqueles em qualquer outra esfera. Contudo, os Espíritos-Alma na Sétima Esfera só nos alcançarão e contactarão em casos de emergência.

Foi nos dito que, quando nosso Espírito-Alma vai de uma esfera para outra, ele também o faz através de uma mudança – a morte. Neste caso, à semelhança do que ocorre na morte física, o indivíduo é avisado de que a mudança está próxima e de que tem tempo para elevar sua mente a um plano superior de pensamento, pelo que ele ficará preparado para entrar na nova vida. Quando chega a hora, ele é posto a dormir com a mente fixa no pensamento de que vai se mudar. Quando chega esse momento, seu lar deixa de ser aquele entre seus amigos anteriores. O pensamento ajusta-o ao progresso, e quando o pensamento que o manteve preso no plano inferior cessa, a corporificação daquele Espírito-Alma que foi mantida junta pelo seu pensamento, deixa de ser visível. A esta altura, o indivíduo simplesmente cessa de ser habitante de uma esfera e, de repente, se torna habitante de outra. Quando o Espírito-Alma desperta, encontra-se em seu novo lar na Esfera Superior seguinte. Essa mudança dá-se sempre para uma vida melhor e superior. A única exceção é aquela de que não há nenhum corpo velho para sepultar-se ou para se decompor. Na medida em que o nosso Espírito-Alma progride de uma esfera para outra torna-se tão grande e universal que às vezes chegamos a pensar que ele extrapola e deve perder sua personalidade. Em virtude de que toda matéria astral deixa de existir no plano espiritual, funcionando ali somente o puro espírito, freqüentemente acreditamos que eles mudam sua individualidade para uma outra forma. Fiquei surpresa ao descobrir que minha suposição não era verdadeira.

Minha experiência visual do ataque terrorista do dia 11 de Setembro de 2001 foi também uma lição imensamente interessante acerca das vítimas e dos terroristas em geral. Essa visão mostrou-me muitas das condições prevalecentes no pós-morte. Espero que, até aqui eu já tenha impresso em suas mentes que a separação do Espírito-Alma, separação da sua forma física, é um processo natural. Isto é verdade, mesmo quando a morte é inesperada e/ou violenta. Contudo, no caso de um impacto súbito como o que experimentei no ataque terrorista do dia 11 de Setembro, Jesus, em sua imensa misericórdia, desempenhou um grande papel no processo da morte de muitos.

Em impactos súbitos, tais como choques, acidentes, catástrofes, síncopes cardíacas ou suicídios, o corpo espiritual inteiro e mais os corpos astral e mental, são lançados pelos impactos completamente livres do corpo físico. Nestes casos, todos os três átomos-semente são separados, destacados ou descarregados do corpo físico num átimo de segundo. Em qualquer morte violenta o Espírito-Alma de certo modo entra em choque. O sono profundo que aparenta descer sobre a consciência desses espíritos parece ser muito mais rápido – quase a velocidade da luz. Em virtude dessa rapidez não há sofrimento ou dor. A percepção é bloqueada da consciência até o Espírito-Alma ter sido completamente separado e conduzido a um estado de paz, antes da consciência retornar já do outro lado.

Relativamente às vítimas do ataque terrorista de 11 de setembro, naquele dia aprendi que, enquanto o sair de um corpo velho acontecia sem dor, absolutamente horrível era retirar-se um espírito forte de um corpo sadio tendo-se que cortar literalmente os ligamentos de seus envoltórios, simplesmente porque é anti-natural. Em virtude desse tipo de morte ser antinatural a sensação que se segue à morte é terrível. Aprendi ainda que aquelas vítimas só poderiam progrdir através da morte, e que as vantagens pessoais no Além eram maiores que as do plano físico.

Nesta visão, enquanto observava os arredores notei que não era dia nem noite. Eu não podia ver uma estrela ou um raio de luz, mas podia sentir que tudo a nossa volta era sombrio, era triste. Olhei cuidadosamente. Percebi então que as vítimas eram envolvidas por uma atmosfera escura com lampejos vermelhos que pareciam nos engolir com uma névoa espessa e pesada. Enquanto todos os corpos mortos esperavam em silêncio e medo, pareceu-me sentir seus pensamentos – “eu podia ouvi-los” pensar. Depois de algum tempo diversos anjos, rostos afáveis, aproximaram-se das vítimas, a quem relataram o ocorrido e trouxeram à realidade de sua situação. Sempre que um novo fato era relatado, a lei e as condições que o possibilitaram também eram explicadas. Somente após muitas explicações foi que cada vítima compreendeu que, na colisão de um avião contra as Torres Gêmeas da cidade de New York, seus Espíritos-Alma foram expulsos de seus corpos físicos.

Eu podia compreender, quando cada vítima se dava conta de que havia deixado o mundo físico dos humanos porque, quando compreendia que na catástrofe havia saído da vida terrena, seu sofrimento ia além de palavras. A esta altura eu sentia o sofrimento que se abatia sobre eles ao saberem daquilo. Era a dor pela esposa, era a dor pelo marido, era a dor por suas criancinhas, assim como a pergunta: “Era necessária aquela desgraça, aquelas dores, e tanto sofrimento acontecidos no mundo físico?” Era também muito claro para mim que, do ponto de vista de algumas vítimas, o viver por mais ou menos alguns anos seria muito importante. Quando eles sabiam o que realmente havia acontecido, seu grande pesar os prendia e mantinha naquela condição e naquele ponto do espaço.

Na morte violenta desse tipo, ela pode ser acompanhada por um choque momentâneo de alguma duração. Eu, especialmente, me recordo de ter visto uma mulher baixa e corpulenta, de olhos amendoados e um bem definido sorriso contagioso. Quando outras vítimas se aproximavam, ela comentava que era “perfeitamente esbelta”. Enquanto falava, ainda recordo, eu pensava em quanto ela me lembrava a esposa do filho do meu tio. A mulher não se dava conta de que sua forma física havia morrido e que, portanto, ela estava morta para o plano físico. Contudo, à vista do seu cadáver esmagado e rodeado por outros corpos mortos, finalmente convenceu-se em definitivo.

O que aconteceu neste caso foi que, antes do avião colidir com as Torres Gêmeas, as glândulas endócrinas dessa mulher haviam secretado subitamente seus hormônios de transição. A secreção instantânea na corrente sanguínea causa uma suspensão temporária da consciência, e o choque da súbita projeção do corpo Astro-Mental da forma física não é registrada na mente. Conseqüentemente a misericórdia de Jesus entra em cena. O sono profundo da morte, que se segue não é mais do que um anestésico atuando no corpo. Esse anestésico impede por algum tempo o despertar consciente, bloqueando a percepção consciente do Espírito-Alma enquanto os corpos superiores e as forças espirituais são separadas, ou retiradas.

Primeiramente, o átomo-semente do coração lançou na corrente sanguínea as imagens da aproximação da morte dela, daí as glândulas terem segregado seus hormônios de transição. Naquele momento os átomos-semente na forma física foram preparados por esses hormônios para saírem da forma física de modo que seguindo-se ao impacto, o corpo espiritual foi abruptamente separado do físico, e a mulher continuou com o seu último pensamento consciente como se não tivesse havido absolutamente nenhum impacto fatal.

As vítimas permaneceram nesse estado por um grande lapso de tempo. Então diversos anjos, rostos afáveis, começaram a falar alto. Desta vez suas palavras não estavam impressas em um quadro mental, como antes. Agora era quase como se meus ouvidos estivessem gravando padrões específicos da fala humana. Eles diziam às vítimas que “suas mortes simplesmente lhes fizeram avançar uma esfera de vida; e que eles ainda eram seres vivos, agora habitantes do primeiro plano além da terra”. Após alguns outros comentários terminaram dizendo que “somente através da morte física poderia cada um progredir”.

Notei através do contato que as vítimas não se moviam. Senti que elas só se alegravam quando os anjos lhes falavam. De algum modo a presença dos anjos, ou talvez suas próprias palavras, haviam aliviado as dores de cada vítima em particular. Uma vez que reaveram totalmente a consciência, elas foram capazes de se movimentar à vontade. Então a condição de escuridão pareceu aos meus olhos mudar assim como o nevoeiro se dissolve frente ao sol. Então um raio de luz que aumentava em brilho a cada instante tomou o seu lugar.

Os terroristas pareciam estar juntos numa pilha de cadáveres. Quando contei os corpos, haviam dez. Entre eles estavam duas vítimas que participaram do mesmo grupo de terroristas. Vi que o grupo de corpos se encontrava no mesmo espaço real do cordão trançado de fios dourados. A posição deles, ou sua colocação entre os mesmos dois anjos, parecia indicar que seu destino final era também o mesmo lugar. Embora eles parecessem estar isolados das vítimas numa pilha de cadáveres, os anjos os juntaram da mesma maneira. Não fui capaz de ver, de sentir, ou de perceber qualquer tratamento diferenciado. Os anjos davam as boas vindas e tratavam os terroristas do mesmo modo amável e humilde que haviam dispensado às vítimas.

Para os terroristas, a mesma aparência prevalecia substancialmente nas vítimas. E mais para os terroristas que morreram naquele dia as mesmas emanações pareciam estar produzindo um efeito diferente. Por mais intensa que fosse a sua tangibilidade, que era expressa pelo éter vermelho escuro em volta deles mesmos, de sua extensão vocês não fazem idéia.

Quero relatar essa experiência porque ela me causou profunda impressão. Por um momento, a primeira diferença aparente foi a de que no íntimo dos terroristas não existia o estado de inconsciência. Eles não eram pensantes; vagavam quase como se não tivessem faculdades mentais.

Ademais, ainda que eu pudesse perceber que eles sentiam o sofrimento da humanidade - os gemidos de uma mãe, o coração partido de uma esposa, os soluços de uma criança -, as sugestões mentais que eu captava parecia-me que ajudavam os terroristas a manterem-se com vitalidade ou vigor. Com aquela força eles pareciam satisfazer uma ambição descabida e que eu entendi como egoísmo brutal. Para mim, isso se apresentava como uma ambição que lhes dava o direito de defender uma nação ou a integridade de um país por ordem divina. Eu tinha a nítida impressão de que, embora soubessem que o resultado final seria sua morte física, eles tinham a chave de como interpretar essa morte física. E não era uma simples interpretação do que significava a morte física, mas sim uma compreensão mais profunda daquilo a que a morte de todos levaria. A realidade acerca deles é que não tinham medo. Para eles viver o momento presente não era coisa tão intensa quanto o era para as vítimas. No decorrer de tal experiência pude ver como eles se haviam livrado das garras do reino físico.

Devido à minha formação cristã, eu esperava deles, ou talvez aguardasse, um vislumbre de remorso. Eu queria ouvir um terrorista, os anjos, ou alguém mais, dizer que eles lamentavam; gostaria de ouvir dizerem que algum bem resultaria disso, mas não ouvi ninguém. Logo depois, sobre eles ergueu-se uma nuvem dourada que se formou e se movia como se fosse dirigida. Quando me perguntei mentalmente disseram-me – ou tive a sensação de que me haviam dito – que os terroristas estavam concentrando seus pensamentos. E ainda mais: que aquilo que pairava sobre eles não emanava dos seus próprios pensamentos. Parece que estavam se comunicando com a Força Divina dentro deles.

Os anjos de rostos afáveis também foram ter com os terroristas, como um raio de luz que se dilatava por momentos, e então ouvi as palavras de encorajamento que inundaram minha mente: “Nós somos ensinados sobre o amor de Deus tão logo nos capacitamos a aceitar as novas condições de vida após a morte. Ele não é o Deus abstrato que a maioria dos humanos sobre a terra conhece. Devemos reconhecer que Deus está no coração de todas as coisas. Ele é a única força que flui através de toda a criação. Vós não podeis conhecer verdadeiramente a si mesmos enquanto não entenderem que Deus é o único bem do qual podem extrair a Água da Vida. Não existe outra fonte quando formulamos este conceito mental de Deus”. Dei-me conta, então, de que somos ensinados a como absorver sua força, seu poder. Todavia, e até então, não somos deixados entregues a nós próprios em um mundo objetivo. Este pode parecer objetivo para nós, mas foi criado pela intangível mente de Deus, com sua vontade fluindo através de cada imagem de Sua criação e dando vida a tudo. Naquele momento também me dei conta de que os terroristas estavam aprendendo e compreendendo que nas três dimensões do nosso mundo físico, nossos cinco sentidos não justificam coisa pior que a cegueira. Por fim, eles saíram com a promessa de que ao chegarem do outro lado, todas as coisas, tais como obter conhecimento, iluminação e sabedoria, seriam propósitos seus. Então as palavras terminaram, e uma vez mais houve silêncio.

Para mim está claro que as pessoas tomam no estado pós-morte o mesmo Espírito-Alma que tinham nesta vida, despido da carne externa. Todas as coisas são resolvidas. Nada é deixado ao acaso. Por meio da vista psíquica (“visão espiritual”) pude observá-los tão detida e acuradamente que chegavam a ser simplesmente tão reais para mim como se uma impressão houvesse atingido minha retina. Eu estava plena de satisfação, porquanto sabia que havia ocorrido alguma grande mudança. Deus havia retirado do íntimo dos terroristas tudo aquilo de que eles desejavam se livrar. Eles sentiam que algum poder lhes tinha concedido uma encantadora experiência, a qual, em certa medida, eles haviam imaginado, mas dificilmente ousado acreditar que pudesse ser possível. Parecia-me que os terroristas tinham efetuado uma longa viajem, e chegavam para uma casa de repouso. Sem sonhos para perturbar seu descanso, eles despertaram como um gigante revigorado. O que os trouxe ao maior de todos os conhecimentos foi que ganharam o que uma vez acreditaram haver perdido.

Em minhas reflexões de hoje posso considerar o fato de que até o vento pode ser solidificado pois vento é atmosfera. Tudo no mundo é substância, e tudo é vida. Todas são uma e a mesma coisa pois a vida nunca existiu e nunca pode existir sem matéria. Para mim o cérebro, por exemplo, parece uma máquina delicada em permanente atividade. Nesta delicada máquina, quando um pensamento é formado e liberado, é através do movimento da matéria que ele nos alcança. Quando ele entra há uma consistência definida de matéria em movimento que o introduz no maquinismo do cérebro. Não somente podemos vê-lo entrar, mas, embora limitados, nós também podemos vê-lo emergir instruído para fazer o certo de uma maneira que não posso descrever. Se pudéssemos ver essa matéria entrar, poderíamos compreender a somo total do seu psiquismo. Isto é cognoscível à nossa visão pela perfeição da forma que existe em cada.

Entre os dois grupos descritos acima, a obra das vítimas era a de edificar caráter. A grande lei que tornou isto possível e é a mais elevada para a raça humana é a influência da terra, a qual justifica a ambos: vítimas e terroristas.

PARTE III – COMO VIVER AQUI, AGORA E ALÉM COM CRISTO

O corpo humano é uma máquina. È uma máquina para a utilização da energia e das forças vitais empregadas pela personalidade no processo de crescimento espiritual. No processo de sua evolução o Espírito-Alma junta sabedoria através de experiências na forma física. Somente por meio da morte e dissolução dos átomos da nossa presente forma é que a Alma ganha uma oportunidade de construir uma melhor. A despeito de quão perfeita ou de quão bonita seja a nossa presente forma, o propósito do Espírito-Alma é construir formas ainda mais perfeitas através das quais possa expressar-se. Assim pois, como a lagarta, uma deve morrer como verme para outra nascer como borboleta.

Conforme já mencionei, nós temos três átomos-semente: o átomo-semente astral, o átomo-semente mental e o átomo-semente-físico. Por conseguinte, façamos uma rápida análise de cada um a ver quanto podemos nos beneficiar deste conhecimento.

O átomo-semente astral localiza-se no lobo grande do fígado a que chamamos plexo solar. Ele se liga ao Espírito-Alma por meio do Astral – cordão Emocional. O cordão é simplesmente aquilo que cada pessoa tem feito dele, dependendo de suas emoções e desejos, e serve como via de expressão para todas as energias emocionais experimentadas pelo indivíduo. O átomo-semente astral grava todas as fraquezas e fortalezas inerentes ao caráter e desenvolvidas pelo indivíduo contanto que digam respeito aos seus desejos e emoções. Isto permite à pessoa influenciar seu próprio futuro, ou seu próprio destino.

O segundo é o átomo-semente mental. Este localiza-se na glândula pineal, dentro do cérebro e liga-se à mente supra-consciente no triângulo da supra-alma, acima da cabeça do indivíduo por meio do cordão da consciência. Como no caso do primeiro, este átomo semente também contém uma gravação. É o registro de todas as qualidades herdadas e congênitas da mente do indivíduo. Neste átomo-semente ficam registrados todo o mental e os poderes da mente, desenvolvido por e através do indivíduo durante as eras do seu progresso evolutivo. Portanto, em resumo, o átomo-semente mental é também um átomo do presente e do futuro. Isto indica que podemos criar mudanças no átomo semente mental imediatamente pelo simples mudar nossas mentes, porque isto capacita a pessoa a também influenciar seu próprio futuro e seu próprio destino. Finalmente é importante notar, quando o cordão da consciência se acha totalmente desenvolvido, o indivíduo terá “conexão” direta com sua mente supraconsciente e então se tornará um “Mestre Mental”. Creio que o dito: “que sejas transformado pela renovação de tua mente” é basicamente verdadeiro. O átomo-semente mental é hoje aquilo que você fez dele em encarnações passadas. Ainda mais: ele pode estar dotado de maiores poderes agora para afetar a ambos: o presente imediato e o futuro do indivíduo.

O terceiro é o átomo-semente físico, que se localiza no ventrículo direito do coração. Ele se conecta ao espírito divino através do Cordão Vital. Este cordão é uma criação da divindade por si própria, e o indivíduo nada tem a ver com o seu funcionamento. As forças vitais descem pelo cordão vital para a forma física, sendo distribuídas no corpo pela corrente sanguínea e passando pelo átomo semente do coração. Aqui é onde encontramos o registro perfeito do passado de uma pessoa que a prende ao seu destino cármico. O registro inclui os aspectos físicos, emocional e mental. Os átomos-semente Astral e Mental gravam as qualidades das emoções e da mente. Por outro lado o átomo semente do coração (físico) registra um quadro eletrônico completo, uma gravação de tudo o que já aconteceu ao indivíduo ao longo de sua existência. Portanto, em resumo, os átomos-semente Astral e Mental liberam na corrente sanguínea as qualidades emocionais e mentais, enquanto o átomo-semente físico libera imagens reais num quadro atômico do passado.

Assim como o processo do nascimento envolve mais que trabalho de parto, assim também o processo da morte envolve mais que um simples cessar de respirar e de bater o coração. Há um processo de saída na morte física do mesmo modo que há um processo de entrada pelo nascimento físico. Incluída no processo do nascimento físico está a passagem da forma do bebê físico saindo pelo canal vaginal. Nesse momento há uma lenta e gradual abertura desse canal para possibilitar a passagem da nova forma, junto com as contrações naturais do útero. No processo da morte física, a forma física torna-se o útero do qual o espírito-alma deve nascer.

Nesse instante, as substâncias químicas das glândulas endócrinas centralizam-se na glândula pineal e lutam para arrancar do cérebro o átomo semente mental. Uma vez libertado este átomo semente sai do crânio pelo topo da cabeça e pelo cordão prateado. O que é muito interessante para mim é que em cada processo de nascimento humano, as suturas dos ossos parietal e occipital estão abertas. Isso possibilita aos ossos do crânio sobreporem-se pelas bordas (imbricação), permitindo assim que a volumosa cabeça óssea do nascituro passe através do canal vaginal da mãe. Quando o nascimento se consuma, as suturas se unem criando uma janela ou abertura a que chamamos de fontanelas – anterior e posterior – ou “moleiras”, do recém-nascido. Durante o processo da morte física o mesmo se dá ao contrário. Aqui as fontanelas – anterior e posterior – se abrem, permitindo se abrirem igualmente as suturas dos ossos parietal e occipital do crânio.

As substâncias químicas endócrinas unem-se então, com grande força e intensidade, em volta do coração. Isto inicia a luta para separarem o corpo físico. A ruptura real, ou separação, do cordão prateado estimula a consciência a recordar e reviver incidentes que precisam ser experimentados novamente, isto para enfatizar as lições que tencionavam ensinar quando a pessoa ainda se encontrava no plano físico.

Após o rompimento do cordão prateado, o Espírito-Alma entra em seu invólucro astral. A média de processos para a média de pessoas é despender os próximos três e meio dias após a morte em um estado que pode ser chamado de sono profundo ou de transe da morte (estupor – estado cataléptico). Durante essas oitenta e quatro horas a pessoa deve ser ajudada por nossas orações. É de grande ajuda dirigir nossos pensamentos amorosos para as experiências iluminadoras da pessoa em seu novo estado de vida. Essa atitude de nossa parte pode libertar a pessoa para o progresso de sua própria alma durante o período que se segue imediatamente após a transição.

Em Hebreus 9:27 diz-se que a jornada ao longo do caminho do julgamento não se dá realmente no espaço. Ela é toda realizada na consciência e é o Espírito-Alma quem revive cada incidente e episódio desde a hora do seu nascimento. Essa jornada aparenta ser feita sozinha, mas na realidade a pessoa está sempre sob a orientação de um Mestre. Para o Iluminado, a experiência pós-morte é uma viagem ao êxtase e à iniciação ou salvação. Para o assim-chamado pecador esta é uma experiência chamada julgamento. Nesta viagem, a pessoa observa toda a sua vida em revisão, testemunhando-a como um panorama de eventos passados. A alma permanece em seu plano terreno enquanto o “filme de lembranças” inteiro é exibido para a sua consciência. Ela não somente vê as cenas como também participa delas. Portanto, ficamos realmente de lado observando a nós próprios atuar no palco da vida que acabou de passar. Durante esse tempo nosso Espírito-Alma permanece desperto no Plano do Desejo, e a parada de eventos desfilando expõe seus desejos pessoais frustrados. Por conseguinte o cenário que cerca a pessoa em seu próprio panorama terá um relacionamento simbólico definido com os problemas do seu Espírito-Alma individual, suas condições na evolução e sua reação cósmica. Estas imagens simbólicas derivam de experiências da sua própria história. Nesta experiência o Espírito-Alma olha para a sua própria imagem e enfrenta lutas difíceis, cujas gravidades são proporcionais aos seus desvios dos padrões espirituais.

O cristão pauta seu Espírito-Alma por Cristo e seus ensinamentos. Portanto, o panorama do cristão deve diferir em muitas maneiras do panorama Budista, do Muçulmano, do Hindu ou do Judeu, apenas para citar uns poucos. Essas experiências devem representar o que poder-lhe-ia ter acontecido caso ele tivesse se voltado para a luz em qualquer encruzilhada ao longo do seu caminho. Através dessa viagem é-lhe mostrado onde ele cometeu seus erros e como a escolha ou escolhas sempre foram suas. Assim ele experimenta seu próprio arrependimento, pois vê não apenas os males que acarretou para si mesmo mas também as glórias que perdeu. As cenas criadas ficam envolvidas no processo de perdão. A pessoa perdoa ou é perdoada, e será mantida nesse processo até ser esclarecida.

Como em todas as coisas, e consoante o status evolutivo, cada Espírito-Alma enfrentará diferentes experiências pessoais quando sai da forma física e do plano terreno. Normalmente há três tipos de reações a experimentar no processo da morte. O primeiro é a reação que se verifica na média das pessoas, e que é uma lenta e natural retirada da alma, retirada que dura, em média, aproximadamente 84 horas. O segundo tipo é o da separação súbita do Espírito-Alma pela violência. Devo lembrá-los de que os atos violentos variam e que todos os atos violentos não são necessariamente seguidos de retiradas súbitas. O terceiro e último tipo é o da retirada imediata sem interrupção da consciência, e que dura em média seis minutos aproximadamente. È o tipo freqüentemente experimentado pelos que são espiritualmente iluminados. Em I Cor. 15:31 disse Paulo: “morro todos os dias”, significando que ele era capaz de sair da forma física a qualquer momento deixando-a num estado de “sono” ou de “mobilidade suspensa” temporariamente enquanto viajava em plena consciência pelos planos superiores. O mesmo é verdade quanto aos Rosacruzes evoluídos: ele/ela podem aprender a como “morrer” todos os dias. No dizer de Max Heindel, em seus escritos: “do ponto de vista oculto, é claro que não importa quer vivamos quer morramos”, como dizem, porque morte para nós não significa aniquilamento, mas apenas uma mudança da consciência para outras esferas. Todavia, quando temos conduzido o veículo pelos improdutivos anos da infância, passados os ardentes anos da adolescência. E chegados afinal à idade da discrição, começamos realmente a ganhar experiência. Então, quanto mais possamos prolongar o tempo das experiências mais podemos ganhar. Por esta razão é de certo valor prolongarmos a vida do corpo”.

Como seres humanos somos ignorantes de como viver neste plano físico, por conseguinte não aprendemos a como nos preparar para o nascimento espiritual ou para a morte física. Tampouco aprendemos a apreciar ou entender os deveres e responsabilidades que recaem sobre o indivíduo e seu relacionamento com a sociedade e/ou consigo próprio.

Assim, pois, como podemos viver aqui, agora e no Além com Cristo?

1. – Bem, primeiro temos de cultivar sensibilidade para o valor, o que nos capacita a avaliar, pelos padrões absolutos de Cristo, os sub-tons do nosso viver cotidiano. Devemos discernir corretamente aquilo que conta mais aos olhos de Deus daquilo que conta mais aos nossos próprios olhos. A sensibilidade ao valor requer uma delicada percepção dos nossos motivos e atitudes, e de tal modo que possamos reconhecer nossos pensamentos habituais exatamente por aquilo que eles são.

2. – Em segundo lugar, lembrem-se de que durante a nossa transição, no decorrer das 84 horas após o rompimento do cordão prateado, na jornada ao longo do caminho do julgamento que temos de percorrer, o que está sendo refletido são os motivos do indivíduo. Não é tanto aquilo que o homem faz enquanto está na terra, mas sim a razão por que o faz. O mal que um homem pratica não é tão importante quanto o motivo que o leva a cometê-lo, pois o motivo é reflexo do caráter congênito formado. O Espírito-Alma não pode ascender em seu vôo para o alto enquanto não se complete o esclarecimento. Ademais, o Juiz é o próprio Espírito-Alma, mantido preso aos seus próprios pensamentos–forma do mal.

3. – Em terceiro, temos dois átomos-semente atuando por nosso livre arbítrio e um destino de nossa própria autoria e escolha. Permitam-me explicar: se por exemplo um indivíduo nasce com a fraqueza de maltratar sua esposa, essa fraqueza pode-se encontrar gravada no Átomo-Semente Astral-Emocional como uma qualidade congênita ou inata do caráter desse indivíduo. Neste caso, podemos dizer seguramente que este Átomo-Semente é a gravação dos desejos desse indivíduo, bem como é a gravação de sua vida emocional. Podemos afirmar isto porque esse átomo semente despeja suas partículas atômicas na corrente sanguínea do indivíduo, sendo que a influência dessas partículas se espalha por todo o sistema glandular endócrino. Com isto em mente, o ponto que tento aqui atingir é que o átomo-semente astral resulta em ser a soma total das qualidades emocionais desse indivíduo. Tais qualidades foram acumuladas ao longo das eras passadas de sua vida. E se isto é verdadeiro, estou certa de que vocês todos concordarão comigo em que concerne ao Átomo-Semente Astral o presente e o futuro do homem. Um outro ponto a considerar-se é que trata-se de um átomo-semente que pode ser modificado em qualidade a qualquer momento presente por esforços do indivíduo.

Por conseguinte, como podemos usar esses conhecimentos para viver aqui, agora e no Além com Cristo? Muito bem, retrocedamos.

Primeiramente perguntemos a nós próprios: “Que é emoção?”. Emoção é apenas um pensamento e um pensamento pode ser mudado. Assim, voltando ao exemplo que dei acima, o indivíduo com a fraqueza de maltratar sua esposa precisa perguntar a si mesmo: “Quais são os padrões básicos de pensamentos em minha consciência que criaram essa condição?”. Uma vez encontrada a resposta para esta pergunta, e possa ele assinalar os padrões que criaram em sua vida aquelas condições, pode também começar a mudar aqueles pensamentos básicos inatos.

Conforme já disse anteriormente, o átomo-semente do coração contém uma gravação do passado da pessoa. Este átomo-semente mantêm-na muito presa ao seu destino cármico do passado e à sua “sina”. Sim! Nós podemos dominar o passado com o átomo-semente do coração. Mas isso requer poderes espirituais que estão além da evolução do homem comum. Para conseguir isso o indivíduo deve tornar a influência de sua vida diária tão poderosa para o bem que isso contrabalançará a influência do átomo-semente do coração físico enquanto este despeje suas essências vibratórias dentro da nossa corrente sanguínea, anulando e evitando assim seus efeitos no sistema glandular. O carma do passado deve portanto ser superado pelas poderosas cargas de gravações do presente, vertidas dos átomos Mental-Astral que não mais podem enraizar-se em sua vida, e perdem a capacidade de causar-lhe qualquer dano ou sofrimento.

De modo particular, o aprendizado de verdades torna-se combustível para as nossas mentes, conduzindo-nos a estados de entusiasmo ou êxtases. As experiências que temos na vida deixam-nos impressões na mente inconsciente. Tais impressões tornam-se realidades aqui porque nossas mentes infligem-nos as medidas dos nossos pensamentos. Se não vivemos como deveríamos, o dia da morte nos encontrará sob escravidão, presos a grilhões que nós próprios fizemos. As algemas a que nos acostumamos na terra não são nem de longe tão opressivas quanto as que temos após a morte. Muitas tarefas serão desagradáveis e não do nosso gosto, mas serão justamente aquelas de que vamos precisar.

Espero que cada um de vocês siga as indicações da luz-guia espiritual, e façam, de caminho, aquilo que acharem que devem fazer. Quando forem capazes de ver e conhecer as condições do Espírito-Alma nas esferas superiores, então vocês entenderão o quão importante é para as pessoas serem esclarecidas sobre este assunto enquanto ainda se encontram na terra.

Espero que todos alcancem o dia em que o átomo-semente em seus corações não exsude outra coisa a não ser a excelência; um dia em que as imagens lançadas na corrente sanguínea, para dali influenciarem as glândulas, será uma corrente ininterrupta de partículas purificadas, fortemente carregadas de vitalidade, amor e energia Divina.

E agora, para encerrar esta conferência sobre a “morte”, permitam-me apresentar-lhes um pouquinho de fato real e também relatar-lhes uma história de uma tribo africana. Em minha busca por informações reais atinentes a esta conferência, descobri que em recente pesquisa médica realizada pelo neurologista Oliver Sacks (M.D. – Doutor em Medicina), esse pesquisador sugeriu que o som estimula a liberação de várias endorfinas, o que vem a ser uma ferramenta de grande poder contra muitas desordens neurológicas tais como o mal de Parkinson e o mal de Alzheimer em virtude de sua singular capacidade para reorganizar funções cerebrais danificadas. E isto me leva à história de uma tribo africana.

“Quando uma mulher de certa tribo africana percebe que está grávida, sai para o ermo com algumas amigas e juntas oram e meditam até ouvirem o canto do bebê. Elas acreditam que cada Espírito-Alma tem sua própria vibração, expressa pela sua singular fragrância e propósito. Quando todas as mulheres sintonizam-se com o canto, então elas o cantam em voz alta. Depois voltam à tribo e ensinam-no aos demais.

Quando o bebê nasce, a comunidade se reúne e canta a canção do bebê. Mais tarde, quando iniciam a educação da criança, o vilarejo se junta e canta o canto do bebê. Quando o menino é submetido à iniciação para adulto, novamente a tribo se reúne e canta. Depois, por ocasião do seu casamento, ele (ou ela) ouve essa canção.

Finalmente, quando o Espírito-Alma está prestes a sair deste mundo a família e os amigos juntam-se em volta do seu leito, do mesmo modo que o fizeram em seu nascimento, e entoam o canto da pessoa para a próxima vida.

Nessa tribo africana só existe uma outra ocasião em que se canta para o filho(a): se em qualquer momento de sua vida a pessoa comete um crime ou algum ato social abominável, o indivíduo é conduzido ao centro da taba. Ali a comunidade forma um círculo em volta dele ou dela, e então entoam a sua canção.

A tribo acredita que a correção para um comportamento anti-social não é a punição, - mas é sim o amor e a lembrança de identidade. Quando você reconhece a sua própria canção, então você não sente desejo ou necessidade de fazer qualquer coisa que possa prejudicar a outrem.

Amigo é alguém que conhece a sua canção, e a canta quando você a esqueceu. Aqueles que lhe amam não zombam de você pelos erros que cometeu ou pela imagem enodoada que faz de si mesmo, mas lhe acham bonito quando você se acha feio; que você está inteiro quando dizem que está em frangalhos; que você é inocente quando dizem que é culpado, e qual é o seu propósito quando se encontra confuso.

Vocês podem não ter sido criados numa tribo africana que canta a sua canção nas importantes trânsitos de suas vidas, mas a vida está sempre a lhes recordar quando vocês estão e quando não estão em sintonia com vocês próprios. Quando se sentem bem, aquilo que vocês estão fazendo corresponde a canção de cada um, e quando se sentem horríveis, não. Por fim, todos nós reconheceremos a nossa canção e a cantaremos também.” (Anônimo).

Espero que vocês possam ter aprendido hoje as qualidades e hábitos da realidade tão bem quanto aqueles de que suas vidas impregnaram outras vidas. E podemos conhecê-los somente se formos suficientemente humildes para dar-lhes as boas vindas e suficientemente generosos para pagar seu preço repetidamente. Isso é alcançado através de um viver prático e concreto. Não devemos esperar acomodados que algo nos aconteça simplesmente pela graça de Deus. Mas devemos buscar a graça de Deus vivendo, pensando, arriscando e orando de modo definido e prático. Assim, a luz inerente a todo homem que vem a este mundo converte-se gradualmente na chama que guia a sua vida. Quando saímos deste, nossas vidas nos outros planos não são como suave aura de delicadeza amorosa, mas sim focos de todas as nossas energias, capacidades, pensamentos, imaginação e desejos.

“Como em cima, assim em baixo”. Viveremos no plano superior assim como temos vivido aqui no plano físico. Nosso lar nos planos superiores é o lugar permanente de nosso Espírito-Alma, que junta nele os belos objetos que ama. Ali nosso harmonioso Espírito-Alma vai e vem conforme fazemos neste plano físico ou vida terrena. Esses lares são tão reais lá, naquele plano espiritual, quanto os nossos o são para nós aqui no plano físico. A única riqueza que o homem leva para além da sepultura é aquilo que ele dá para os outros antes de alcançar o cemitério. Por favor, sejamos sábios. Comecemos a construir nossos novos lares nos planos superiores aperfeiçoando nosso modo de pensar, desfazendo o erro sobre a terra e também ajudando aos outros. Como diz a história da tribo africana: “Finalmente, todos reconheceremos nossa canção e a cantaremos também”. Podemos por momentos desafinar, mas isso também acontece a todos os grandes cantores. Apenas prossigamos cantando, e acharemos o caminho do nosso lar.

Alexandra B. Porter, Ph.D.