MARIA JULIETA MENDES DIAS
& PAULO MENDES PINTO

Maria de Magdala
a Mulher – a construção
do Culto – o caminho dos Mitos

8.2. As vestes

Logicamente, numa mensagem que, sendo simples, não era simplista, também os cabelos nos transportam para outras questões. Significativa é a proximidade dos cabelos à sumptuosidade das vestes, imagens da luxúria, do luxo, do que a mulher rica e fisicamente bem cuidada tinha e abandonou.

Ao mesmo tempo que se canta uma santa que tudo deixou, refugiando-se numa colina, vivendo numa gruta, é necessário que ela seja representada exactamente da forma como estaria entes dessa fuga ao mundo mundano. Só com a representação do que abandonara se poderia perceber a força desse mesmo abandono. A pintura renascentista irá fazer renascer essa mulher de pele lisa e cuidada, de vestes nobres, de cabelos fogosos.

Por vezes, como que dando lógica a esta inversão necessária da mensagem, as veste, qual iconografia colocada ao lado da figura que valora, eram colocadas junto ao corpo, mostrando-se a santa em situação de penitência ou mesmo de resistência à tentação. O certo é que as vestes ricas, junto com os longos e cuidados cabelos, sempre seriam imagem de Madalena.

Afinal, a imagem que se teria, para ser credível, era a de uma prostituta. Redimida, mas sempre uma prostituta. E uma prostituta tem de ser atraente…