MODELOS CRIMINAIS / O diabo do pecado
Hélio Rôla (pintura) & Floriano Martins (textos)
19-01-2005
www.triplov.org  

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6 O DIABO DO PECADO

O corpo é sempre um corpo-de-prova. Onde esteja, inerte ou atuante, evoca o encanto dos sete véus: avareza, gula, inveja, ira, luxúria, orgulho e preguiça. Não há pecado sem corpo. Não há sedução sem crime. A arte é um pecado da experiência ou um crime da inocência? Tornar Adão um sedutor não afasta o corpo de sua crueza. A arte é a arena da morte, da transfiguração, da ressurreição. Anfiteatro onde vaticinam os senhores da simulação e suas máscaras: suborno, traição, nepotismo, popularidade, tortura, prostituição e singeleza. A que pode ser condenada uma arte nua e atirada ao chão? Desde o princípio mais remoto, milhares se dedicam a compor o mesmo cenário: o corpo-de-prova à procura de um semelhante. O homem jamais quis ser diferente. A arte – quase sempre a pior arte – é o que nos iguala.