NATURAL?! O QUE É ISSO?
ABERTO O COLÓQUIO
De 2.11.2003 a 21.05 2004
INICIATIVA DO PROJECTO LUSO-ESPANHOL
"NATURALISMO E CONHECIMENTO
DA HERPETOLOGIA INSULAR"
Subsidiado pelo CSIC (Madrid) e ICCTI (Lisboa)


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Híbridos pós-humanos:
A inteligência artificial implantada nos humanos como corpos expandidos
João Baptista Winck

1- Sobre o hipertexto que se pretende construir

O acelerado desenvolvimento da compreensão sobre a lógica, a mecânica, a harmonia do mistério do funcionamento da natureza circundante nos possibilita entender melhor quem somos, onde estamos e os motivos pelos quais agimos assim. As Ciências da Informação e da Comunicação, neste aspecto, podem nos oferecer algum substrato filosófico para especularmos sobre a complexidade daquilo que chamamos de inteligência natural, ao estudarmos o comportamento da inteligência artificial aplicada às estratégias do processamento de informação.

Neste hipertexto, em formato de ensaio, serão colocadas algumas hipóteses sobre as complexidades que estão presentes, de forma abstrata e lógica, no conceito de inteligência artificial. Ao contrário do que se pensa, a inteligência artificial não diz respeito ao desenvolvimento de máquinas e equipamentos de processamento eletrônico de informação. Neste ensaio se pretende inferir o conceito de inteligência artificial procurando entender esta super capacidade que certos organismos desenvolveram de processar informação, recuperar dados e reorganizar essa massa abstrata em função de certos objetivos consentidos. Pensado neste viés, hoje, o computador mais inteligente que existe ainda não consegue superar a inteligência de uma mosca.

A inteligência artificial, do ponto de vista da filosofia da Comunicação, é uma estratégia hipercomplexa, que envolve uma multiplicidade de fatores referentes à capacidade de codificação da energia cerebral, no sentido de implantar um hábito de processamento da informação distinto daquele herdado da biologia. A sofisticação deste hábito, por meio de sucessivos ajustes, experimentados e re-elaborados no coletivo assíncrono, dotou os humanos da capacidade de comunicação interior, com o semelhante, com o entorno físico e a sutileza da comunicação inter espécies, domesticando o animal que insiste neles mesmos.

Comunicação, neste contexto, diz respeito à capacidade de ajuste nas estratégias de processamento de dados e na recuperação e atualização de informações, implicando na sofisticação da capacidade de translação no tempo e no espaço físicos com a mesma desenvoltura que se desloca nas dimensões abstratas do algures e do nenhures.

Ao longo deste ensaio serão postas em diálogo, por meio de vínculos de hipertexto, as vizinhanças intelectuais e as linhas de pesquisa que corroboram para o desenvolvimento do conceito de inteligência artificial aqui colocado. Assim, o leitor curioso poderá encontrar os pontos de referência e inspiração deste ensaio, aprofundar os questionamentos aqui colocados e poupar longas digressões e notas explicativas. Afinal, quanto mais as palavras falam, mais fiam e falham!

Convém salientar que este trabalho não tem a menor pretensão de defender esta ou aquela teoria, tampouco entrar em litígio com alguns conceitos e expressões consagrados. Busca tão somente apontar uma picada nova para reverter o problema da comunicação sob outras ópticas.

Entrementes, pretende tão somente se transladar de um conceito ao outro na tentativa de experimentar configurações mentais e lançar hipóteses, pois, não se pode esquecer, a incompletude e o mistério são a anima do inconsciente coletivo a que chamamos de cultura. Recuperar é preciso!

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