EM VIAGEM PELA "LITERATURA DE VIAGENS"
Annabela Rita
19-02-2004

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(observações noutras margens)
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Há obras que desejam construir a sua leitura, concebendo-se como território a ser percorrido e indicando um ou mais itinerários ao seu leitor.

É o caso de Labyrinthus (1981), de Casimiro de Brito, polifonia dramática que, no final, enuncia “o fio de ariadne” que revela uma arquitectura diferente da da sequência textual, radicada num fragmentarismo temático. Algo de semelhante acontece com o romance Pátria Sensível (1983), do mesmo autor: os “Percursos” com que o livro abre surgem como alternativa à ordem textual, ou viagem que se conjuga com ela para uma leitura mais sensível.

No séc. XIX, L'Histoire du roi de Bohême et de ses sept chateaux (1830) de Charles Nodier é outro exemplo curioso: faz-se percorrer literalmente através de um jogo de espaços que consagra a monumentalidade das palavras e das letras, lugares onde o leitor se movimenta e que assim vai habitando.  

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