EM VIAGEM PELA "LITERATURA DE VIAGENS"
Annabela Rita
19-02-2004

f

Ilhas menos acessíveis
.

Ao lado de obras para um público mais alargado, encontramos outras para um destinatário mais específico, “versões” delas ou trabalhos realizados com base na mesma experiência, mas que selecciona, trata e apresenta informação em função desse tipo de leitor, mais ou menos especializado na matéria.

É o caso de Enchuyser Zeecaertbock (Livro de Mapas Marítimos de Enkhuizen, 1598), edição popular para os “mareantes comuns” do Thresoor der Zeevaert (Tesouro da Navegação, 1592), ambos da autoria do ex-piloto Lucas Janszoon Waghenaer (1534-1605), e este último, contando com a colaboração de Linschoten (1).

O próprio Linschoten preparou o seu Reys – gheschrift vande Natigatien der Portugaloysers in Orienten (Roteiro das Navegações dos Portugueses no Oriente, 1595) para os navegadores holandeses, obra que compendiou e traduziu “um conjunto de roteiros de pilotos portugueses e espanhóis” (2).

Também Joaquim Veríssimo Serrão destaca a carta do bacharel Mestre João, onde encontramos a primeira descrição do Cruzeiro do Sul, com informação especializada destinada a marinheiros, geógrafos e astrónomos (3).

E poderíamos recordar as mensagens de viajantes para viajantes deixadas em garrafas seladas na ilha de Ascensão para barcos próximos que lá fizessem escala (4).

.

Notas

(1) Arie Pos e Rui Manuel Loureiro (ed. e ests.). op. cit., p. 15

(2) Arie Pos e Rui Manuel Loureiro (ed. e ests.). op. cit., p. 24.

(3) Joaquim Veríssimo Serrão (pref.), Manuela Mendonça e Margarida Garcez Ventura (ests.e transcr.). op. cit., pp. 14/15.

(4) Orlando Ribeiro. op. cit. , p. 115 .

.