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QUE DESAFIOS TEM PELA FRENTE A MAÇONARIA FLORESTAL?
Por Stella Carbono 

Prancha lida na sessão de M.'.M.'.C.'.I.'., a 24 de Outubro de 2011

Desde meados do seculo XVIII, no Brasil como no resto do mundo, a Maçonaria tem vindo a realizar a sua missão civilizadora e humanitária, através do aperfeiçoamento de cada uma das pedras que erigem o Templo.  

Quanto mais civilizados formos, individualmente, melhor será a ação exercida no tecido social. Essa realização da Obra, que se inscreve no tríptico “Liberdade, Igualdade e Fraternidade”, ou “Liberdade, Igualdade e Humanidade”, não chegou ainda ao termo. Nem será talvez possível completá-la, isso equivale à perfeição e bem sabemos todos que nada nem ninguém é perfeito.

Assim, a liberdade ainda não recobre todo o planeta, na sua feição de democracia, que é o mais abrangente exemplo de como garantir liberdades; não sendo perfeita, como dizia Churchill, a democracia é o melhor sistema de governo.   

Em termos individuais e restritos, a garantia de liberdade também se exerce em casa, na família. Liberdade de expressão, liberdade de movimentos, liberdade de exercer uma profissão, liberdade de casamento, liberdade religiosa, liberdade política, liberdade para possuir bens, liberdade para educar os filhos, etc.. Sem o exercício da liberdade pessoal e familiar, aquela que concedemos ao outro e esperamos que o outro nos conceda, nenhum sistema político será realmente democrático. 

Passando à igualdade: ela também ainda não é geral, no que respeita aos direitos humanos. Não pensemos só nos países onde existe discriminaçao de sexo, de género, de etnia, ou discriminação de classe social. Nos nossos países, essa discriminação pode ocorrer, à margem das leis que a proíbem. Por isso, é em casa que devemos começar por aprender a respeitar o nosso diferente. As normas cristãs ensinam a amar o nosso semelhante. Certo, mas também é preciso amar e respeitar o diferente. É ele que garante a diversidade dentro do grupo social. Sem diversidade, a cultura e a civilização mergulhariam na apatia da morte.  

A igualdade deve referir-se a direitos e deveres. Não tentemos tornar iguais a nós os nossos diferentes, sob pena de destruirmos a riqueza e o valor da diversidade. Talvez nunca alcancemos o pacífico e harmonioso reino de Utopia, imaginado por Thomas More, mas muito entretanto se alcançou já, e é bom termos uma utopia no horizonte para nos instigar a avançar para ela. 

Recordemos algumas causas importantes no passado, impulsionadas pelo desejo de humanidade, igualdade e liberdade: a abolição da escravatura, o fim dos regimes colonialistas, a independência das colónias, a instauração de regimes democráticos, conhecidos por repúblicas, a consequente queda de regimes monárquicos, quando despóticos; a separação política dos poderes religioso e civil;  a correlata conquista do ensino laico nas escolas públicas; o acesso da mulher ao ensino, como aluna e como professora; a conquista do direito da mulher ao voto.  Em todas estas conquistas de um mundo melhor exerceu ação direta ou influência a Maçonaria. Porém elas não se concluíram ainda. Todas estas tarefas continuam em vigor, o maçon deve intervir no curso social e político na medida das suas possibilidades e formação. Se é carpinteiro, aparelhando bem a madeira; se é um politico, criando leis justas e procedendo à sua execução, evitando o pior dos males que degradam as democracias: a corrupção. 

A estas tarefas, no entanto, acrescenta-se uma outra, que ultrapassa o aperfeiçoamento do indivíduo, da família e do governo. Hoje temos pela frente ameaças à vida da própria Terra, que destruimos com a nossa ignorância,  febre de lucro e de ostentação de riqueza. Temos toda a população do globo para alimentar, à custa de um pequeno planeta, cujos recursos não são inesgotáveis. Então ao maçon compete ainda esclarecer-se nos novos problemas que diariamente vão surgindo, para poder ajudar a resolvê-los.  

A minha cooperação, neste momento, limita-se a referir um filosófo que conhece o assunto melhor do que eu. Conselheiro da ONU para fins ambientais, ele é um dos subscritores da Carta da Terra.  

A Carta da Terra é uma declaração de princípios éticos fundamentais para a construção, no século 21, de uma sociedade global justa, sustentável e pacífica.  Busca inspirar todos os povos a um novo sentido de interdependência global e responsabilidade compartilhada voltado para o bem-estar de toda a família humana, da grande comunidade da vida e das futuras gerações. É uma visão de esperança e um chamado à ação. (Na Internet) 

O filósofo subscritor da Carta da Terra a que me refiro é um brasileiro, criador da Teologia da Salvação. Famoso em todo o mundo ocidental, chama-se Leonardo Boff. Ele tem todas as semanas uma nova crónica a circular na imprensa escrita e na internet. Não sei se ele é maçon, sei que é teólogo e que foi frade franciscano. Não obstante, exorto-vos a que leiam Leonardo Boff, pois a sua ação cultural e civilizadora merece ser admirada e seguida pelos maçons.